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quinta-feira, 25 de junho de 2009

terça-feira, 23 de junho de 2009

Abrindo portas para o infinito

Muito tem se falado sobre um novo tempo... muito novo mesmo... Quando um ciclo se completa naturalmente, vem o inicio de outro... Mas, pelo que dizem os calendários antigos - segundo os Maias em 2012 um grande ciclo se completará e outro terá início- e, especialmente, pelo que nos mostram, as coisas que andam acontecendo no nosso planeta, podemos perceber que estamos mesmo no final de um grande ciclo.

Então... quando é assim, parece que tudo pode começar de novo a partir do zero e podemos desfrutar das bênçãos de um novo início...

Recentemente, tive um sonho muito especial e com muitas coisas simbólicas... No início, meu pai pega um retrato meu onde estou com uma linda Águia dourada pousada no meu braço e o olho da águia, que está de perfil, está sobreposto ao meu olho... Não sei se o direito ou esquerdo porque cada hora me parece que ela está de um lado... E meu pai fala no sonho que aquela imagem significava a libertação da minha mãe.
Depois de muitas outras coisas que se passaram no sonho vejo um tipo de objeto em espiral feito de contas de cristal verde-limão que no sonho era uma forma de linguagem diferente... aquelas contas eram letras codificadas mas que a gente não conseguia perceber olhando para elas. Pareciam todas iguais...

Me vejo chegando nas montanhas para dar mais uma vivência e me dou conta que havia esquecido de levar tudo...
Quando conto da águia para a Mulher da Montanha ela me fala que está tudo certo e que não precisava de mais nada daquilo tudo. Fiquei um pouco insegura, pensei em voltar para buscar as coisas, mas acabo aceitando quando as pessoas começam a chegar.
Tento colocar uma música e a princípio não consigo até que finalmente a música começa a tocar e é uma que adoro que se chama "Je chante avec toi Liberté"

Entendi essa parte do sonho como um chamado para me desapegar das coisas porque nesse novo tempo elas serão muito novas e diferentes. Liberar o apego às coisas, mas... especialmente o apego a maneiras de fazer...

Parece que temos uma mania antiga de querer guardar o que aprendemos para repetir o que foi bom, e isso nos afasta do fluxo... e sinto que nesses tempos esse fluxo que vem da conexão com a Divindade vai estar tão disponível que nem precisamos mais nos preocupar em guardar aprendizados.

Mas acho que sempre foi assim... nós é que nos esquecemos tanto disso que acabamos acreditando que somos nós que temos o controle. Doce ilusão, ou será amarga ilusão...

A águia para mim sempre fala de liberdade... assim como a música do sonho... quem sabe a liberdade já está tão perto que vamos poder desfrutar da imensa sensação de leveza que é não ter nada a defender. Já imaginaram acordar a cada dia com a certeza que vamos fluir com a Vida sem preocupações e sem apego ao que já passou porque sabemos que o presente é o que temos de mais precioso...

Podemos ter tudo e desfrutar de tudo e isso ser liberdade total quando não temos apego ao que temos nem ao que somos.

Tem até aquela história do sábio que estava ensinando ao rei o desapego... Quando estavam debaixo de uma árvore eles percebem que o palácio do rei está pegando fogo... O rei fica tranqüilo, porque realmente havia se desapegado... ao passo que o sábio desesperado corre para tentar resgatar a única coisa que ele possuía e que estava no palácio, que era o Bhagavad Gita.

Percebo, claramente, como as coisas estão aceleradas e como estão disponíveis muitos pequenos milagres que nos mostram que estamos mesmo mudando e temos todo apoio dos Seres de Luz...
Será que estamos entrando mesmo em um novo tempo e uma parte nossa ainda não acredita nisso?
No sonho eu ficava na dúvida se voltava ou não para buscar as coisas...

Mas o que me tocou foi a certeza que a ferramenta mais preciosa que podemos contar não é a que precisamos carregar no carro ou na memória... mas, a que já está conosco a cada momento em qualquer lugar...que é a possibilidade de conexão com o Grande Mistério... abrindo Portas para o Infinito.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O amor e o casamento - Parte 4 - Final


Conclusões

Há, ainda, muitos outros problemas na relação conjugal, mas na impossibilidade de abordar todos aqui, me aterei apenas a mais dois. Um deles é o medo do amor - tema curioso que comecei a desenvolver em 1978 no meu livro O Instinto do Amor e que nunca havia sido abordado anteriormente. Todas as grandes histórias de amor, especialmente as paixões, não tiveram continuidade e nem deram certo, aparentemente, em virtude de obstáculos externos. Em Romeu e Julieta o impedimento residia nas famílias. Na prática, os obstáculos externos são muito freqüentes: as pessoas são casadas, têm filhos pequenos, há dificuldades para a separação, problemas materiais ligados a ela, etc..

A minha experiência tem mostrado de modo claro que estes obstáculos externos à plena realização amorosa não são o verdadeiro problema. Divórcios tornaram-se possíveis. Ninguém mais se atém aos impedimentos familiares, nem à opinião dos pais; os filhos já não são problemas intransponíveis e metade das crianças já são filhos de pais separados; apesar disso, as pessoas continuam fugindo do amor desesperadamente. O obstáculo é interno; caso fosse externo, seria ótimo, porque se atribuiriam a ele as dificuldades, como se o problema fosse o impedimento de ordem social. E não é verdade! Ele é absolutamente interno! Esse medo de amor provavelmente tem a ver com a perda da individualidade. Se voltarmos àquela idéia inicial de que existem no homem duas tendências - uma para a integração e outra para a individuação -, quanto mais forte e entrosado o amor e quanto mais afins as pessoas forem, mais a tendência para dar certo existe, maior será a possibilidade de esse elemento de integração ser satisfeito e, talvez, para o elemento de individuação se sentir ameaçado, abalado. Diante disso, começamos a nos "travar" por medo de nos diluirmos, de nos fundirmos na outra pessoa.

Há em nós essa vontade de diluição e, ao mesmo tempo, pavor dela. Além do mais, nas histórias de amor - e eu acompanho centenas delas por ano - vemos essa dupla tendência: fascínio e medo presentes o tempo todo. Os indivíduos fascinam-se pelas histórias amorosas e entram em pânico diante delas.
É evidente que o amor, quando entre pessoas muito afins, é uma emoção muito forte. Dá uma sensação de simbiose, de diluição, onde um vai se perder no outro e isso pode ameaçar muito a individualidade. Muitas vezes são buscadas soluções intermediárias. Uma delas é a busca de pessoas opostas, com quantidade de defeitos suficientes para que a simbiose não se dê profundamente. Do mesmo modo que as qualidades fascinam e determinam a integração, os defeitos repelem. Então, uma cota certinha de qualidade e defeitos define uma coisa intermediária, um meio-termo ao qual o indivíduo se sente ligado, mas não a ponto de ameaçar a sua individualidade.

Uma outra solução é amar desesperadamente alguém que não nos ame muito. Neste caso, tendemos a nos fundir no outro, mas este não nos dá muita atenção, nos humilha, nos deixa meio sós... E agüentamos, porque isso nos dá certo equilíbrio. Estamos sempre correndo atrás da pessoa e ela não nos dá muita atenção. Isso também resolve o compromisso entre simbiose, integração e individuação.

Uma outra hipótese é nos encantarmos por uma pessoa bastante diferente de nós; além dos "defeitos", ela possui uma outra freqüência de ondas, pensa e sente de outro modo, manifesta-se diferentemente. Logo, não temos o problema da fusão, nos livramos de algo que nos apavora, ameaça a individualidade e determina o surgimento fortíssimo do que venho chamando, desde 1980, de "medo da felicidade".

Nada provoca nas pessoas maior sensação de felicidade do que o encaixe amoroso. Por outro lado, nada provoca no ser humano maior pavor do que a felicidade. E ao se aproximar o encaixe amoroso, as pessoas sujeitam-se a qualquer negócio para se afastar, porque a sensação de felicidade, plenitude, completude e harmonia é tamanha que o indivíduo passa a ter certeza de que, no mínimo, um raio cairá sobre a sua cabeça e ele, seguramente, morrerá. E a sensação é essa mesma, é fortíssima; quem ainda não a sentiu é porque não chegou perto da felicidade; ao chegar, verão que isso é absolutamente verdadeiro, não é uma hipótese, é um fato. É um medo difuso, uma iminência de catástrofe responsável pela existência milenar dos rituais supersticiosos; e o medo da felicidade é a sua causa: pessoas batendo na madeira e fazendo "figas" quando estão muito felizes. Se não houvesse medo não existiria esse ritual de proteção da "ira dos deuses" - parece que até eles se enfurecem quando estamos muito felizes. Tememos a nossa destruição pelos invejosos. E todo o conceito de "olho gordo" também se fundamenta e vem à tona nesse medo da felicidade. Sentimos que não temos estrutura para suportar tudo o que temos e que, certamente, algo de ruim nos acontecerá. Com isso, nós mesmos malogramos nossa felicidade; antes que os deuses "nos matem", destruímos sozinhos aquilo que nos está dando tanta alegria!

Essa é a grande causa da maior parte das brigas e dificuldades entre as pessoas que se amam demais e se entendem muito bem; sempre inventam um problema para ficar na dúvida se devem ou não ficar juntas. Não havendo obstáculos externos, quando jovens e decidem se casar, um sempre acaba falando ao outro: "Não sei se estou pronto, se quero, se já é hora", etc.; começa-se a procurar "pêlo em ovo". Quando demoram mais na decisão de se casar, aumenta a chance de ser um bom casamento! Um mau casamento pode ser decidido em três dias. Na verdade, o problema é "apenas" o medo da felicidade manifestando-se e, por vezes, bloqueando a sexualidade principalmente nos homens, o que é muito fácil, pois o homem é um animal fraco e meio assustado.

O medo da felicidade implica atraso na coragem de as pessoas se comprometerem e errarem na escolha (assim, não correrão o risco de "morrerem destruídas por um raio"). Se o ficar rico redunda em muita felicidade, é preferível ficarmos pobres, porque assim "garantiremos a nossa sobrevivência". É dessa forma que aparece psiquicamente a questão do medo da felicidade. E temos de tentar entender a sua origem; creio que está ligada ao trauma do nascimento e, portanto, é uma coisa dificílima e sem "cura". Não conheci ninguém sem esse medo.

Sem dúvida, existem pessoas com menos medo; e elas são os nossos ídolos - dotadas de uma incrível coragem em todos os níveis, até no profissional. Mas aí, ao serem bem-sucedidas nessa área, destroem o sentimental. Quero ver as pessoas felizes e também que tudo lhes dê certo, porque dar certo no sentimental e ficar pobre é fácil. Quero que o indivíduo consiga tudo o que for bom para ele sem entrar em pânico, nem ter de "negociar" com os deuses, fato este curiosíssimo; sim, porque são negociações exatamente como as salariais: "Tenho isso, então dou aquilo; abro mão daquele outro; sustento meu irmãozinho vagabundo porque assim apaziguo a minha culpa de ter as coisas que tenho". E assim todos vão negociando sempre para aplacar a "ira dos deuses".

De uma forma ou de outra, nosso cérebro registrou a fase da simbiose uterina como um período de harmonia - talvez sem contratempos - quando comparado com o que acontece depois do nascimento. O primeiro registro cerebral é a harmonia e o segundo é a sua dramática ruptura: o nascimento, que é o grande trauma, tão bem descrito por Otto Rank - na minha opinião, um dos psicanalistas mais importantes. Sempre que se chega a uma sensação de harmonia parece que se ativa a lembrança em algum lugar do cérebro que nos assusta. Agora, não é mais o nascimento, é a morte. A destruição parece que se torna iminente sempre que a situação está muito agradável.

Volto a dizer: nada provoca uma sensação de medo mais forte que a felicidade amorosa, até por ser o que mais se parece com a simbiose uterina e, portanto, com a origem do próprio fenômeno, do medo da felicidade. A sensação de paz representa o útero. Se tudo estiver bem, evidentemente a próxima sensação é a de que algo horrível acontecerá e destruirá a paz.

Todo o pensamento místico e religioso acabou por reforçar isso terrivelmente com concepções ligadas à idéia de que o prazer e a felicidade são pecados, ou, pelo menos, não são grandes virtudes; mas o sofrimento, o sacrifício e coisas desse tipo o são. Portanto, quando o indivíduo está feliz, além de ter o medo da felicidade - e, conseqüentemente, essa sensação desagradável de iminência de tragédia -, também começa a se sentir em pecado. E esta sensação parece aumentar as chances de real punição, não só pela inveja dos humanos, mas também pela "ira dos deuses".

Para mim, esse é o grande obstáculo para se atingir a felicidade e está sendo subestimado. Não há solução absoluta para isso: a consciência - saber que tais mecanismos existem e que quando está tudo bem tendemos a fazer bobagens - é fundamental. Quantas vezes não ouvimos: "Está tudo bom, mas estou com medo de que não vai durar". O que isto significa? Eu mesmo já não estou agüentando tanta felicidade e tomarei uma providência para liquidar esse bem-estar, me autodestruir.

Hoje em dia, quando tenho um pensamento desse tipo, imediatamente penso: "O que é que vou fazer por não estar suportando tanta felicidade?" Eu me interdito, quer dizer, me impeço de fazer qualquer coisa que fuja da minha rotina básica, e se o fizer será destrutivo. Estou prontinho para cometer um erro, porque estou muito bem! E isso reativa um reflexo condicionado profundo e difícil de ser desfeito totalmente.

Enfim, termino reforçando um elemento, digamos assim, mais geral e mais teórico. A verdade é que nestes 100 anos de desenvolvimento da psicologia, as questões do amor e do casamento em nada evoluíram. As pessoas, além de desinformadas, continuam pensando muito mal sobre o assunto. Foram muito mais bem informadas sobre a questão sexual do que sobre a questão romântica. A desinformação grassa e um amontoado de idéias, na minha opinião, duvidosas - pelo menos não-provadas - abundam, as quais, insisto, deveriam ser banidas do nosso pensamento. Conjeturas que não podem ser confirmadas ou infirmadas são um perigo para o pensamento; deixam-nos em uma situação meio sem saída. Elas passam a ser uma questão de fé e a ciência não pode viver de questões de fé. Bons conceitos têm de levar a bons resultados, caso contrário, é porque não são bons. Quando teoria e prática não combinam, tem de valer a prática. E na nossa especialidade, muitas vezes tem valido a teoria, que é o que não nos interessa; só se ela chegar a algum resultado prático, concreto, útil e de valia.

A psicologia é uma ciência prática que deve servir para ajudar as pessoas a melhorar a sua qualidade de vida, o seu relacionamento consigo mesmo e com os demais. Idéias devem ser postas em prática; mas se elas forem falsas e falhas - o que aos poucos é o destino de todas elas -, devem ser substituídas por novas. Temos de retomar a noção de uma ciência em atividade, como aconteceu nos primeiros anos da psicanálise, e a idéia de uma ciência em processo de desenvolvimento e mudança.

Não estou defendendo aqui dramática e fanaticamente as minhas idéias. Apenas abordei algumas delas e as exponho a julgamento. Se aparecerem opiniões mais consistentes e que contradigam as que aqui foram colocadas, abandonarei imediatamente as minhas idéias e procurarei me adequar às novas, que expliquem e justifiquem melhor os novos fatos.
Para mim, esta é a essência de um modo aberto de pensar que poderá levar a bons resultados. E estamos aqui para colecionar novos dados - trabalhando, todos, em assuntos de psicologia, para que um dia ela se transforme em uma ciência a mais objetiva e útil possível.

terça-feira, 16 de junho de 2009

O amor e o casamento - Parte 3



Obstáculos

Eu gostaria de me dedicar agora à análise do que penso serem os maiores obstáculos à felicidade sentimental e, portanto, conjugal. Já ficou claro o que eu queria passar, que é a noção bastante evidente de separação entre sexo e amor e entre amor e casamento: o amor é um encantamento e o casamento é uma sociedade – o encantamento é apenas um dos critérios que pode definir a sociedade.

No passado, o critério era apenas racional. Nesses últimos anos, ele tem sido puramente sentimental e a minha proposta é que seja misto – para quem deseja se casar. E não há antagonismo nisso. Posso perfeitamente me encantar por uma pessoa que seja também razoável dos pontos de vista lógico e prático, viável para a vida em comum, ou seja, com maior maturidade, já que eu me encanto por pessoas mais parecidas comigo, o que significa desenvolvimento pessoal. Enquanto eu não estiver feliz como sou, de nada adianta dizer: me amo ou devo me amar. Só me contentarei com a minha maneira de ser ao conseguir ser próximo do que considero ideal. Ninguém sentir-se-á intimamente feliz caso não se pareça com aquilo que valoriza nos seres humanos. Não há chance de se enganar. Pode até tentar iludir os outros, como fazem os narcisistas, porém, conhecem a verdade e jamais poderão se aceitar como são. Por isso o trabalho é longo e penoso; o indivíduo precisa evoluir para realmente aceitar as suas limitações, conhecer-se e trabalhar seriamente no seu processo de crescimento se quiser elevar a auto-estima. E aí a tendência será para se encantar com pessoas parecidas e também para que esse encantamento seja compatível com as necessidades práticas da relação conjugal.

Uma das maiores dificuldades para uma boa vida conjugal tem a ver com a inveja, que é um sentimento muito pouco estudado. Na verdade, quem mais estudou a emoção em nosso meio foram os umbandistas, pais-de-santo e outras pessoas ligadas a esse tipo de religião, onde o tema fundamental foi sempre a inveja. Os profissionais de psicologia não gostam de temas como inveja e vaidade, a não ser que sejam vistos de passagem; ou usam os termos como se fossem claros e conhecidos em suas nuanças por todas as pessoas. Essa não é a minha posição. Para mim, a inveja é um elemento importantíssimo que deriva também da admiração, como o amor. Ninguém vai invejar alguém que não seja rico em qualidades, mas sim por admiração, do mesmo modo que amamos porque admiramos. Só que a sensação de inveja é de humilhação: o indivíduo sente-se inferiorizado ao se comparar com as qualidades da outra pessoa, ferido na sua vaidade e, por isso mesmo, com tendência a desenvolver uma reação de raiva, agressividade e revolta contra aquele que lhe provoca a inveja.

Então, quanto maiores as diferenças entre as pessoas que se unem, maior o ingrediente de inveja, que competirá com o amor. Portanto, a inveja estará presente na relação com força igual ou maior que o amor; na verdade, maior que o amor nas relações entre opostos, definindo esta posição que todos conhecem: as pessoas ficam juntas, brigam muito, mas não se separam, porque se admiram e se odeiam ao mesmo tempo por não possuírem os valores que tanto admiram uma na outra. O outro é tão rico no que não se tem... Por exemplo: se para uma pessoa tímida, que se casa com outra extrovertida, ser tímida lhe é penoso, a sua tendência é ter uma intensa inveja desta criatura. E todo tímido acha isso, porque, na psicologia americana dos últimos quarenta anos, a extroversão passou a ser qualidade, embora não fosse essa a opinião de Schopenhauer; para ele, o extrovertido é o indivíduo que não agüenta o tédio de ficar consigo mesmo.

A tendência da inveja é agressiva, é sabotagem, é tentar derrubar o outro, é fazer mal ao outro. E essa relação define aquilo que podemos chamar de "inimigos íntimos", que são a grande maioria das relações conjugais onde há briga, tensão, ações para sabotar, minar e destruir, às vezes a pretexto de ciúme, o qual é usado até para encobrir a inveja. Mas é importante lembrar que nem tudo é ciúme. Muito daquilo que se diz ser ciúme é inveja. Por exemplo: não querer que o outro vá aqui ou ali não é só por medo de ele fazer isso ou aquilo, mas porque só o fato de ele fazê-lo já é suficiente para me deixar aborrecido, pois estará fazendo aquilo que eu gostaria de fazer.

É preciso registrar, ainda, que existe um outro fator que ativa muito a questão da inveja: a imaturidade; quer dizer, o tipo humano mais narcisista, cujo perfil se define fundamentalmente como o tipo extrovertido, egoísta, agressivo, intolerante a frustrações, a arbitrariedades e invejoso, porque tem de si uma péssima avaliação. A maior prova de que ele não se ama é a enorme inveja que sente; são muito mais ferinos, maldosos e profundamente invejosos porque sabem que são um blefe! Nas relações entre opostos, quase sempre um é mais egoísta, mais narcisista, enquanto que o outro é mais generoso, "panos quentes", tolerante a contrariedades e, ao mesmo tempo, mais tímido, mais quieto e que também tem de si – principalmente no período da adolescência – um juízo muito negativo. Porém, o mais generoso tem uma inveja menos ferina, menos malvada, menos destrutiva; talvez sofra mais, mas é menos maldoso no sentido de agir para derrubar o outro. Então, um dos ingredientes que torna a inveja mais terrível é a imaturidade emocional do narcisista.

Desde 1980, em meu livro Em Busca da Felicidade, faço severas restrições à generosidade. Mas ela é, sem dúvida, um passo adiante em relação ao egoísmo, que é uma coisa meio subumana. É o homem sem razão, sem lógica, querendo só cuidar do que é seu, exatamente como qualquer animal. E o generoso é meio sobre-humano. Ele "passa do ponto", fica mais para santo do que para humano; certamente, um reforça o outro, formando uma associação que chamo de "amor entre opostos", amor por diferenças e que Erich Fromm, em A Arte de Amar, denomina de "relação sadomasoquista", sendo que o generoso é o masoquista e o egoísta é o sádico. Não aprecio esses termos por causa da conotação sexual que está implícita neles, até porque, para mim, a questão não é sexual.

Existe um outro elemento ainda que considero muito importante: a inveja entre os sexos. Freud já falava, em parte, sobre a inveja que algumas mulheres costumam ter dos homens por causa do pênis. Desenvolvi mais extensivamente o tema da inveja masculina no meu livro “Homem: Sexo Frágil?”, que, a meu ver, é muito maior que a feminina. A grande maioria dos homens inveja as mulheres. E isso principalmente porque durante o período da adolescência eles as desejam muito mais do que se sentem desejados. Por volta dos 14 anos, eles se apaixonam pelas meninas e elas praticamente os ignoram, provocando-lhes uma sensação de inferioridade, rejeição, humilhação, que parece não desaparecer jamais. Fica uma espécie de espinho engasgado na garganta e que, na minha opinião, está na origem de todo o machismo; esse prazer masculino de derrubar, agredir, depreciar, insultar as mulheres é, seguramente, dor-de-cotovelo, a qual deriva dessa sensação de inferioridade sexual.

Portanto, há diferenças entre o feminino e o masculino basicamente ligadas à importância da visão como desencadeadora do desejo sexual. Isso na adolescência se transforma em algo que os homens sentem como grande inferioridade. Esta também foi a visão de Freud, cuja observação consta em uma pequena nota de rodapé em um de seus melhores trabalhos intitulado “O Mal-Estar na Civilização”, onde deixou um germezinho disso ao dizer que o que aconteceu com o homem foi a passagem, por força da evolução "genética", da importância do olfato para a da visão. A partir desse livro comecei a desenvolver esse aspecto até o limite de sua importância fundamental por não ser um fato qualquer; a passagem para a visão determina a posição ativa masculina, o que incomodou muito as feministas nos anos 70, nos Estados Unidos, e no início dos anos 80 aqui no Brasil; a palavra "ativa" é registrada pelos homens não como algo que implica superioridade, mas sim inferioridade, porque ser ativo não é uma vantagem: aproximar-se de uma mulher e poder ouvir um "não" é uma sensação de risco que não agrada a ninguém.

A inferioridade sexual masculina logicamente também está presente na "hora agá". O homem pode fracassar e o seu fracasso é ostensivo, é público; toda a cultura machista, curiosamente, louvou as vantagens do homem até para neutralizar essa inferioridade; isto atrapalhou ainda mais, porque depois ele não conseguiu corresponder a essa superioridade masculina que a cultura tanto louvou! Sabem por que? Porque ela é falsa! O machismo oprime, antes de tudo, o próprio homem. Então, na "hora agá" pode não haver ereção. E como é que fica o homem diante dessa possibilidade o tempo todo? Sentindo-se cada vez mais inferior. Aliás, quanto mais se louvar uma superioridade que não existe, mais inferior ele vai se sentir – e obviamente com raiva; mas não é uma raiva que se origina do nada: é raiva do homem que queria ser mulher. Há aqueles que sabem disso e aceitam essa verdade mais docilmente – talvez sejam invejosos menos perigosos. Os homossexuais muitas vezes ostentam essa postura e no limite disso estão os travestis. Não há muitos casos do contrário, ou seja, há muito mais homens querendo ser mulher do que vice-versa (o carnaval é prova disso). Então, são fatos e não hipóteses. A inveja feminina é menor e não é universal.

Muitas moças, quando crianças, quiseram ser homem pelas vantagens sociais que esse fato implica: o menino pode brincar na rua, fazer xixi de pé no banheiro, na estrada, no carro, etc. Enfim, pequenas vantagens técnicas. Ao chegarem por volta dos 14 anos – especialmente quando começam crescer os peitinhos, se tornam mais bonitinhas e os meninos começam a mexer com elas – se esquecem rapidamente de que queriam ser homem. Agora, o que desejam é provocar os homens e tê-los nas suas mãos. Pode ser ainda que reste uma pequena irritação contra os homens, vestígios do tempo da infância, que, em certas mulheres, se transforma em um desejo de dominação às vezes mais maldoso, causador de dificuldades sexuais nessas pessoas. A não-aceitação da condição feminina é coisa importante, mas não é esse o tema aqui.

Há, ainda, um outro fator ligado a essa escolha entre opostos, comum nos primeiros anos da mocidade: é o elemento erótico, que muito freqüentemente puxa para um encantamento entre opostos. Especialmente na psicologia masculina, a sexualidade acaba se relacionando à raiva, à agressividade, mais do que ao amor. Uma das coisas mais tristes da psicologia masculina – e uma das mais difíceis da relação homem/mulher – é o fato de que o desejo sexual masculino é muito maior quando existe um certo ingrediente de raiva e não um grande amor.

No entanto, no grande encantamento amoroso e, sobretudo, na paixão, a tendência é para total inibição sexual masculina – pelo menos durante um certo tempo. Isso deu origem, por exemplo, ao amor romântico nos séculos XVIII e XIX, quando todos os poetas louvaram o amor verdadeiro como sendo platônico, ou seja, assexuado, e quando o encantamento amoroso era de tal importância que o sexual passou a ser rebaixado. Talvez a ternura crescia a ponto de bloquear o tesão. Mas, no meu entender, o fenômeno é mais complicado do que isso. A ternura, quando cresce, corre pelo mesmo caminho, obstruindo o tesão que se ativa mais pela raiva e pela agressividade; toda a cultura masculina é nesse sentido.

Diga-se a propósito que os próprios palavrões, que são terminologia basicamente masculina, são o reflexo claro disso: eles definem essa associação entre sexualidade e agressividade. São termos de conotação claramente sexuais usados com o intuito agressivo, definindo essa relação entre sexualidade e agressividade, presente na maior parte dos homens, e que sem dúvida pode levar um homem a se encantar por uma mulher que lhe provoca raiva e, conseqüentemente, tesão e não amor. E a mulher que provoca raiva em geral é o oposto dele, o que o irrita muito; pessoas que agem e pensam de maneira totalmente diversa da nossa acabam provocando raiva, e essa raiva pode provocar o tesão. E se o elemento erótico for muito importante na escolha, mais do que o elemento racional e de admiração que define o amor, pode perfeitamente ser mais um fator que levará a uma escolha inadequada, que é evidentemente o maior problema das relações conjugais.

terça-feira, 9 de junho de 2009

CONSTRUINDO UM CASAMENTO FELIZ



"O segredo de um casamento longo é saber ceder no que deixa o outro desconfortável."
PAUL NEWMAN (ator americano)


A relação, como o próprio nome diz, é uma troca, uma interação, um compartilhamento entre duas pessoas que têm objetivos em comum e caminham na mesma direção.

Mas sabemos, devido ao que assistimos atualmente no mundo, que afinidades, interesses, idéias e ideais não foram conversados durante o namoro, o que culmina em relacionamentos que não mais duram.

Acabamos com o conceito de família em prol da tão sonhada felicidade.
O que realmente é felicidade?
Será que são relacionamentos que começam e terminam sem levar em consideração pequenos seres que sequer pediram para vir ao mundo?

Por que antes no namoro tudo parecia fluir bem e de repente não gostamos mais sequer da companhia do outro.
Onde foi parar as juras de amor eterno?

Será que nos concentramos apenas no corpo físico, bem sarado conforme a moda atual e nos esquecemos que se for só paixão um dia acaba?
O que é amor?
Acredito que estamos confundindo prazer carnal com amor incondicional.
Estamos deixando de lado os vínculos e nos jogando em aventuras.

Acredito que fantasiamos demais. Esperamos demais da relação acreditando que existe um grande amor nos aguardando em qualquer esquina e que nada mudará esse destino. Teremos o encontro com nossa alma gêmea e nada mais nos separará.

Dessa forma não temos responsabilidade pois, se algum relacionamento nosso não der certo é porque ainda não encontramos nossa alma gêmea .

A grande maioria ainda acredita em príncipe encantado, imaginando que ele virá em seu cavalo branco e que o casal será feliz para sempre.

Mas, após o sonho, nos vemos em uma relação destruída e, na maioria das vezes, culpamos o outro por nosso sonho não ter dado certo.
Na verdade, uma boa relação é construída a dois e não existe relacionamento perfeito, apenas pessoas que querem fazer seus relacionamentos durarem, querem construir elos fortes para quando a tempestade vier o casal tenha flexibilidade para vencer as dificuldades e não, com o primeiro vendaval, buscar outro parceiro.

Para conquistar um relacionamento durável é preciso refletir muito sobre o que realmente esperamos e o que realmente estamos dispostos a fazer para construirmos um belo relacionamento.
Ao buscarmos nosso companheiro (a) de viagem devemos ter muita calma, devemos colocar os nossos pés no chão e nossas cabeças nas estrelas. Devemos escolher alguém que confiamos e que também confie em nós, esse é o passo mais importante, uma relação para ser duradoura tem que ser transparente.

É muito importante que gostemos de conversar com a pessoa que escolhermos para estar ao nosso lado ao longo da vida. Se não tivermos afinidade para conversarmos por horas a fio e se não gostarmos da simples companhia do outro não valerá a pena investirmos nossa energia nesse relacionamento, pois ele não sobreviverá.

No início de um relacionamento devemos escrever em um papel tudo aquilo que temos para oferecer ao outro. Fazer um inventário do que podemos ofertar ao nosso parceiro, pois amar é compartilhar.
Sem nos conhecermos profundamente sabendo o que temos para oferecer e o que queremos receber não conseguiremos fazer as trocas que são necessárias para nos darmos bem com o outro.

Devemos ter todas as nossas questões internas resolvidas, um parceiro não é remédio ou solução. Se for isso que a pessoa procurar, pela lei da atração, ela atrairá um igual.
Devemos realmente saber "quem somos e o que queremos". É importante que estejamos bem conscientes de que desejamos nos relacionar com alguém e formar um verdadeiro vínculo.

Temos que pensar a longo prazo, pois não dá para ficar pulando de casamento em casamento sem pensar nas conseqüências de criarmos filhos que com certeza ficaram traumatizados a cada separação.
Não podemos pensar em nossa felicidade agindo de forma egoísta.

Devemos nos lembrar que a verdadeira felicidade é fazer o outro feliz. Em nome da famosa felicidade estamos construindo seres humanos infelizes, pois em busca de um romance ideal estamos deixando de pensar no lar ideal, na importância da família ideal.

Hoje em dia as pesquisas mostram que a grande maioria dos casamentos não dura mais que 08 anos. Isso significa que as crianças, na fase em que precisam mais de sua família, sofrem essa perda avassaladora, prejudicando a formação de suas personalidades.
Com a separação elas sofrem traumas que trazem dificuldades e muita insegurança para suas vidas futuras.

Não estou querendo dizer que em um casamento onde não há respeito, amor e amizade trariam mais benefícios para esses pequenos seres que a separação e sim querendo levar a uma reflexão antes que o mal se instale.
O que quero é deixar clara a importância de se deixar de lado as fantasias de romances perfeitos, que somente existem em novelas e filmes, e pararmos para refletirmos seriamente quando resolvermos nos unir a alguém.

Primeiro precisaremos namorar para conhecermos a pessoa com quem querermos nos unir. De maneira alguma fazer como hoje em dia acontece: conheceu, gostou e vai morar junto.
É muito importante a etapa do namoro. Durante o período de namoro, procure conversar muito e, cada um, mostrar com sinceridade o que espera do outro.

Se após essa etapa o casal resolver se casar, é importante dar um tempo de pelo menos dois anos antes de pensarem em ter filhos. O casal deve ter um tempo para ser um casal e dialogar como serão educados os filhos, qual dos dois terá mais tempo para se dedicar quando eles forem bem pequenos, lembrando sempre que o novo ser que surgirá precisará ser muito amado para se tornar uma pessoa segura no futuro.

Temos que ser autênticos nos nossos desejos e, uma vez assumido o sonho de criar filhos, discutir como será a criação dos mesmos, buscar orientação com profissionais e aprender a como educar. Não nascemos sabendo tudo.

No mais, em busca de um relacionamento duradouro, devemos constantemente aprender sobre o tema e firmar o compromisso de superar todas as crises no relacionamento e permanecer juntos nessa caminhada.

A felicidade é construída na medida em que pensamos mais no outro do que em nós mesmos. Toda essa violência familiar que assistimos atualmente tem haver com o egoísmo de cada um, esperando e buscando que o outro nos traga a felicidade.
É impossível ser feliz sem fazer o outro feliz.

Arregace as mangas e vá em busca da felicidade fazendo primeiramente o outro feliz!!!!!!!

O Futuro do Casamento

Nos últimos tempos, tenho ouvido com freqüência muita gente declarar que não tem mais o menor interesse pelo casamento. Não se trata de uma frase provocada por alguma desilusão amorosa, ou dita em um momento de desespero. Tal afirmação parte de pessoas objetivas e serenas, que se encontram numa fase estável da vida e consideram o casamento algo superado, uma má solução para uma época em que as mulheres estão se tornando cada vez mais independentes economicamente.

Esse pessimismo atinge todas as idades. Pensam assim pessoas jovens, maduras, e também mais velhas. Neste último grupo, destacam-se principalmente as mulheres. Muitos já se casaram e viveram as dificuldades próprias do matrimônio. Outros observaram as experiências dos pais e dos amigos, e desconfiam da rotina conjugal. Preferem namorar, ter compromissos fixos, mas evitam laços mais estreitos. A idéia de cada um morar na sua casa, ter sua privacidade, seu dinheiro e seus amigos aparece como uma opção mais atraente do que a vida em comum, onde tudo é compartilhado.

Face à situação, cabe a pergunta: será que o casamento como instituição está com seus dias contados? Não creio que se possa dar uma resposta simples e rápida a uma questão tão complexa. A grande verdade é que, nos últimos tempos, muitos relacionamentos conjugais têm sido frustrantes e insatisfatórios. E as pessoas estão decepcionadas. Antigamente, a maioria dos casamentos se dava por arranjos familiares e pouco se esperava deles. Hoje os jovens se casam por amor e sofrem porque, muitas vezes, seus sonhos e expectativas naufragam.

Quando a decepção é grande, o melhor remédio é procurar novas soluções, mais gratificantes e ricas. A idéia de que o casamento limita a independência e sufoca a individualidade se torna cada dia mais verdadeira nos tempos atuais, pois a sociedade conjugal permanece presa às cláusulas de um velho contrato. A mobilidade das pessoas cresceu muito, mas elas continuam exigindo, como prova de amor, que os casais passem o tempo livre juntos. Há, portanto, em muitos casos, uma defasagem entre a instituição e a vontade dos parceiros, o que justifica a crise que vivemos.

Poderíamos até concluir que o casamento só sobreviverá quando forem enormes os interesses que o favoreçam. O desejo de ter filhos, por exemplo, estimularia as uniões estáveis. Pessoas mais velhas continuariam juntas para que uma possa cuidar da outra. No entanto, não buscamos companhia apenas por razões práticas e lógicas. Embora nossa época seja marcada pelo individualismo, ainda sabemos apreciar o aconchego que deriva do "encaixe" amoroso. Essa sensação também pode existir quando os parceiros moram em casas separadas. Não há dúvida, porém, de que ele é mais completo quando somos capazes de compartilhar mais intimamente nossas vidas.

Vale um palpite. Penso que no futuro as pessoas mais individualistas evitarão morar sob o mesmo teto. As uniões cheias de atritos e brigas desaparecerão. Mas os bons casamentos continuarão a existir. Aliás, no mundo de hoje, só um tipo de casamento pode dar certo. É aquele em que os parceiros são extremamente parecidos em todos os sentidos: gostos, objetivos e temperamento. Nesse caso, viver juntos não implica concessões, pois há a síntese de duas tendências: preservação da identidade – pessoas idênticas moram juntas, sem ter de modificar sua rotina – e aproveitamento do aconchego romântico. Não é preciso optar. É possível ter as duas coisas.

Simpatias e Encantamentos para o Dia dos Namorados




Tudo leva a crer que a comemoração do Dia dos Namorados seja uma lembrança dos antigos festivais de fertilidade das religiões pagãs, chamados Lupercália, comemorados na Roma Antiga em honra ao Deus Lupercus, protetor dos rebanhos e pastores, juntamente com a Deusa Juno.

Na Grécia - Deusa Selene; Em Roma - Festival do Amor de Afrodite (14/02)
No Egito - Dois festivais em homenagem à Deusa Isis.
Nos Estados Unidos - San Valentim (14/02) Patrono dos Apaixonados

Em 494, a Igreja Católica proíbe a realização desses festivais, instituindo o Dia de São Valentim, padre romano morto em 270. A partir daí, esse santo passou a ser considerado o protetor dos namorados e da fertilidade.

Na Grécia e Roma antigas, bem como em outras civilizações, os casamentos eram arranjados pelos pais dos noivos, visando a manutenção dos bens.

O amor romântico e consciente começou a se manifestar no início do Renascimento, quando as pessoas começaram a pontuar o significado maior de uma vida a dois. Uma das primeiras expressões de histórias românticas que contrariaram o desejo dos pais foi a de Romeu e Julieta.

Outra história verídica foi o amor de Abelardo e Heloisa.
Pierre Abelard, nascido em 1079, filósofo e teólogo, ensinava na Catedral Escola de Santa Genoveva quando conheceu Heloise. Sobrinha do Bispo Fulbert. Abelardo e Heloisa vivenciaram um grande amor e tiveram um filho. O homem foi castrado, tornando-se monge e ela enclausurada em um mosteiro. Mantiveram correspondência por muitos anos e suas cartas de amor foram consideradas uma das grandes obras da literatura universal.

No Brasil, o dia dos namorados surgiu com uma campanha publicitária de João Dória da agência Standard Propaganda para a antiga Loja Clipper, a fim de melhorar as vendas de junho que estavam fracas, criando o slogan;
"Não é só com beijos que se prova o amor".
A moda pegou.
O Dia dos Namorados é comemorado na véspera do dia de Santo Antonio, tradicional Santo Casamenteiro e, então, o costume popular de fazer simpatias.

SIMPATIAS FUNCIONAM?
Funcionam porque todo ato de vontade é uma forma de magia.
Magia é a capacidade de realização, que emana de forças psíquicas, que transforma em real uma vontade dirigida.
A simpatia nada mais é do que um ritual para concentrar a energia, pois é sabido que, apenas com um pensamento negativo, poderemos prejudicar qualquer forma da criação e, principalmente, a nós mesmos, com a somatização de doenças.

PARA RECONCILIAÇÃO
Acenda duas velas, uma rosa e outra azul, unidas com uma linha branca e ofereça para a Corrente dos Anjos da Reconciliação, pedindo que desfaçam o mal-entendido e que tragam novamente a harmonia na relação, desde que seja para o bem de ambos.

P/ AQUELE QUE SOMENTE "FICA" FORMALIZAR
Retire 3 espinhos de uma rosa vermelha e coloque dentro do perfume que você usa e que a pessoa gosta. Peça para Santo Antonio remover os obstáculos;
"Se for para a felicidade de ambos".
Use o perfume sempre que estiver com a pessoa.

SIMPATIA PARA QUEM ESTÁ SÓ
Colocar um quartzo rosa dentro de um copo transparente com água filtrada e deixar no sereno, na véspera de Santo Antonio, pedindo tudo que almeja para realização afetiva, tipo: felicidade, respeito, harmonia, companheirismo, cumplicidade, afeto, dedicação, carinho, amor, compreensão etc..
No dia seguinte, passar a água:
Nos pulsos, para se articular sempre com equilíbrio;
Nos joelhos, para ter flexibilidade e respeitar o outro;
No coração, para amar com sinceridade, e que o amor seja pleno e digno.

BANHOS DE ERVAS, PLANTAS, FLORES FUNCIONAM??

Impossível separar a realidade da fantasia. As ervas e plantas sempre foram usadas desde a Antigüidade como aromáticas, na medicina, na culinária, cosmética, perfumes, hábitos de higiene, para embalsamar corpos, para afastar negatividade como o alho para repelir vampiros. Queima de determinadas madeiras para manter afastado animais ferozes e insetos como a Citronela.
As flores possuem freqüência vibratória e elementos fluídicos através da cor e do perfume, além de embelezar, ionizar ambientes como as rosas, por exemplo.

BANHO DE ATRAÇÃO
Ferver 1 litro de água, desligar o fogo e colocar:
7 pétalas de rosa vermelha (símbolo da paixão)
3 gotas de óleo essencial de sândalo (afrodisíaco)
2 cravos da Índia (afrodisíaco)
Deixar ficar na temperatura do corpo, coar e jogar do pescoço para baixo após o banho.

RITUAL PARA ABERTURA DE CAMINHOS NO AMOR.

Material:
3 velas de 7 dias na cor Rosa
Fazer 21 dias consecutivos
Se esquecer um dia, começar novamente.
Iniciar o ritual na 6ª. feira:
Dia de Vênus e do Arcanjo Haniel.

Fazer diariamente a afirmação e oração abaixo.
Afirmação
Em sintonia com as forças da natureza e de toda a criação, em nome da Bondade e do Amor Universal, peço realização afetiva em nome da Sabedoria e da Justiça e que tudo seja feito a favor do Bem e da Evolução Espiritual. Forças do Bem, Espíritos de Luz e Amor Universal que de agora em diante estejam em sintonia comigo ABRINDO caminhos para o amor compartilhado.

PROGRAME UM CRISTAL PARA O AMOR
Os cristais podem ser programados para uma única finalidade, ou algo muito importante que você deseja alcançar.
É uma forma de potencializar e amplificar a energia da vontade.

Para programação, use apenas cristal branco, uma ponta de preferência.

Escolha um momento ideal, para não haver interrupções, permaneça durante 5 minutos simplesmente se soltando, conscientize-se de que algo muito especial vai acontecer e comece o ritual:

1. Segure o cristal entre as duas mãos, apontando na direção do sexto chacra, Frontal, o terceiro olho, que fica entre as sobrancelhas.

2. Enquanto segura o cristal, visualize um raio de luz conectando você e o Cristal, ligando seu sexto chacra à ponta do cristal, até sentir que a comunicação está feita.

3. Passe mentalmente para o cristal a função a que ele se destina, através das ondas de pensamento para uma vontade dirigida. Seja bem objetiva e clara no que realmente deseja, usando afirmações positivas, sentindo a presença Divina.

4. Reforce a programação do cristal durante sete dias, dizendo:
"Este é o MEU Cristal e está programado em nome da Luz Divina, do Amor Maior e da Harmonia Universal para MINHA REALIZAÇÃO AFETIVA"

5. Guarde-o dentro de um saquinho de tecido ou crochê e ande sempre com ele. Se, eventualmente, alguém tocar nele, ou mesmo pegar sem querer, deixo-o em água e sal durante 24 horas e programe-o novamente.

ORAÇÃO

Senhor...
Nessa eternidade que é a evolução de minha alma,
tudo é perfeito e pleno.
No entanto, minha vida está sempre mudando.
É um constante reciclar de experiências.
Cada momento é novo e fresco,
e sinto que cada dia deve ser um recomeço.
Senhor...
Na grandeza e perfeição de todas as formas de criação,
criaste as polaridades.
Existe em mim uma fonte infinita de amor,
amor a Deus,
amor à família,
amor à natureza,
amor ao próximo.
Mas também preciso compartilhar,
preciso amar e ser amada(o),
quero ser feliz, dividir minhas alegrias.
Senhor ...
Ilumina minha alma,
Acalma meu coração,
Liberta-me desta angustia e solidão,
direciona meus passos na seqüência certa
para uma união feliz,
e que eu atraia somente pessoas
dignas e benéficas para minha vida.
Senhor...
que a Onipotência de sua mão se estenda
sobre mim, abençoando todo o meu ser.
Amem!

TALISMÃ PARA O AMOR
Usar sempre na bolsa, bolso ou carteira. Desenhar ou mandar gravar em quartzo rosa, semente, madeira, concha ou medalha em prata.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Huna: O Casamento celebrado no Céu




Através do período de crescimento o Eu Superior age como guia e diretor. Ele é o Eu que evoluiu um passo além do eu médio. Cuida de nós, nunca usurpando nosso livre arbítrio, mas ajudando a acumular experiência e crescer. Os Kahunas acreditam em camadas e camadas de conscientização crescente, porem estão essencialmente envolvidos com o nível de evolução acima do eu médio – o Eu Superior ou Aumakua.

Durante o período terrestre de evolução, a unidade de energia consciente que chamamos homem tem uma tarefa elementar de aprender a guiar e controlar o eu básico animal de sua constituição. À alma nova tende a ir atrás de suas emoções (regidas pelo eu básico) a fim de gerenciar a vida. Quando se cresce em termos de encarnações, tenta-se controlar as emoções em vez de deixar-se controlar por elas. A ‘alma jovem’ fica irada quando contrariada; a ‘alma antiga’ supera suas emoções e permanece calma sem ressentimento.

Uma emoção jamais superada é a do amor. O amor é o denominador comum da evolução espiritual da humanidade. A perfeita capacidade de amar sinaliza a alma evoluída. Finalmente se aprende a amar tão bem a fim de evoluir ou graduar-se ao nível do Eu Superior. O eu básico de uma pessoa pode demorar dúzias de encarnações até ser menos animal e mais como um eu médio, mas quando a lição é aprendida, na próxima vez nasce como eu médio. Neste ponto, um eu médio masculino avança ao nível do Eu Superior e se une a sua ‘alma gêmea’ (um eu médio feminino) e o par unido e harmonizado torna-se um novo Eu Superior. Como Eu Superior, seu amor é perfeito e incondicional como o amor do homem e da mulher quando unem e harmonizam seus seres para transformar-se em um novo Eu Superior. É esse o ‘casamento celebrado no céu’ do qual fala a Bíblia como também a provável origem do conceito das ‘almas gêmeas’.

Max Freedom Long salienta que a Esfinge é realmente um monumento de essa ‘graduação’ quando após da ultima encarnação e harmonização os dois eus médios evoluem e se graduam para virar um Aumakua ou Eu Superior. Na literatura cristã aparece o ‘Pai’, mas não a ‘Mãe’ que está incorporada ao Pai.

Os gêneros se reúnem no fim do período de evolução a fim de tornar-se o Superconsciente ou Eu Superior. O novo Eu Superior vira o Pai-Mãe do antigo eu básico. Um novo eu básico evolui do nível animal para ser o terceiro membro do novo homem trino. Pense os três eus do homem encarnando como equipe. Quando um deles avança um degrau na escada da vida, os outros também progridem – sempre ao mesmo tempo, nunca separados. No topo da escada, o Eu Superior evolui para um nível ainda mais elevado chamado Akua Amakuas, os Eus Superiores deuses. Provavelmente há muitos outros níveis de desenvolvimento, embora esejam fora do alcance do eu médio humano, já que é impossível imaginar o Deus Supremo. Quando alguém avança um degrau, o degrau inferior fica vazio. De acordo com Huna, uma entidade animal se agrega à equipe como eu básico, e assim começa uma nova encarnação.

Esta crença é ilustrada de modo clássico pela figura totêmica da Nova Zelândia. Revela o conceito de o homem possuir três espíritos, sendo o mais avançado uma entidade dual, uma unidade masculina junta a uma feminina. A figura mais baixa do mastro talhado representa um tipo de animal. Acima do espírito animal, muitas vezes com pernas e braços entrelaçados ao pescoço do eu básico, aparece uma figura mais humana. Acima do segundo espírito, com um corpo pequeno, há uma figura de duas faces opostas em uma única cabeça. O espírito superior é representado com asas que indicam que pode voar acima dos espíritos inferiores.

Os Kahunas do Havaí consideram a reencarnação uma verdade tão difundida que não fazem esforço nenhum de ocultá-la sob um termo do código. Simplesmente a chamam ‘hou-ola’. Ola quer dizer ‘vida’ e hou ‘novo; repetir; fazer de novo como antes’. Sua frase ola honua traduz uma ‘vida anterior’, e também ‘naturalmente, ‘sem causa’. É obvio que os Kahunas acreditam ser natural e sem causa alguma de o homem viver várias encarnações antes de graduar-se na escada da vida.

Ao viver como eu básico em um corpo animal, parece-nos que existimos sob um conjunto de leis para crescer e evoluir, e como eu médio compartilhamos as provações e adversidades do corpo físico. Estamos sujeitos a doenças e pobreza tanto quanto às dores que nós impõem os cruéis. Quando o corpo está cansado, passamos por um tempo ao outro lado e descansamos a fim de assimilar as lições aprendidas para logo encarnar uma vez mais sob a grandiosa lei que guia toda evolução.

Aos que procuram pelo sentido da vida, Huna oferece um propósito sensato e confortador: a imagem de um Deus ao nosso alcance. Sob todos os pontos de vista, o Eu Superior aparece como o conceito mais lógico e crível do ‘Deus dentro de nós’. Acima do Eu Superior podem estar seres ainda mais evoluídos, mas para o propósito da vida diária é suficiente saber que existe um Eu Superior, que é parte de nosso ser integral e que está pronto e disposto a nós ajudar.

O maior beneficio obtido pelo conhecimento Huna é o de tornar-se consciente dos meios adequados de comunicação com o Eu Superior. Esta psicologia secreta oferece a única abordagem prática ao pensamento criativo – a de orar através do eu básico para contatar o Eu Superior.
O conceito Huna da prece é único na área do pensamento positivo. Criar imagens visuais, carregá-las de mana gerado pela emoção do desejo e enviá-las como formas-pensamento (por via telepática) através do eu básico ao Eu Superior, é o único meio viável de obter respostas à nossas preces. Não podemos orar diretamente a Deus. Apenas atingimos resultados obtendo a cooperação de nossa mente subconsciente em contatar nosso guia pessoal durante a vida, nosso Aumakua.

Huna também apresenta uma abordagem sensata do conceito de pecado – o de ferir os demais conscientemente. Tal pecado se torna um ato pessoal e totalmente independente dos costumes de uma cultura especifica.

Por ultimo, Huna oferece uma ‘salvação’ ou meta final pela qual empenhar-se: a de aprender ou evoluir tão rapidamente quanto possível nas experiências terrestres guiado por nosso Eu Superior. Como meta, a salvação é comum a todas as religiões; a salvação oferecida via Huna é a de aprender a conhecer o Eu Superior e de contatá-lo e trabalhar com ele. A salvação divina acontece após uma serie de encarnações terrestres, quando o eu médio se gradua ao nível do Eu Superior. Tal graduação somente acontece quando aprendemos, como eu médio, a sermos Um com o Eu Superior- amorosos em todas as coisas”.

Uma viagem espiritual no coração da canção



(O Importante é Cantar Feliz, Dentro ou Fora do Corpo)

Algo desce do céu aqui...
Bem no topo de minha cabeça.
Minha aura se solta e sinto-me flutuando...
Olho e só vejo estrelas. Bóio no ar.
Meus olhos transbordam de luz dourada.
A harmonia celeste está aqui... Em mim.
Algures, alguém canta. E o amor vem...
Olho para o corpo abaixo de mim.
Parece um cara sentado de olhos fechados.
Olho-o com carinho, pois ele é meu parceiro de vida.
Também olho para o chão do apartamento, que virou luz líquida.
E, no meio dela, muitos rostos extrafísicos plasmados.
Lá em cima, a canção continua... E eu, aqui, entre o alto e o corpo.
Então, minha consciência se expande, algures...
Mergulho no centro das estrelas, atrás de quem canta aquele amor.
E vejo mais rostos plasmados, agora, na tapeçaria sideral.
Em ambos os lugares, no infinito e na luz líquida do chão, eles riem.
E eu os compreendo. E também dou risadas. E eles cantam algo...
E sua canção fala de imortalidade e de consciência.
E quanto mais eles cantam, mais feliz eu fico. E o amor se faz...
Eles me conhecem, há muito. E eu os reconheço. E tudo está certo.
E eu me pego cantando junto com eles, como irmãos queridos, na mesma luz.
E tudo fica dourado... Dissolvo-me na canção e na luz. E o amor continua...
Novamente me vejo por cima do meu corpo sentado e vazio de mim.
Olho-o com mais carinho ainda. E agradeço-o, por ser meu parceiro de vida.
Então, escorrego para dentro dele, pelo topo da cabeça, como quem veste algo.
Abro os olhos físicos e vejo tudo normal. Mas continuo escutando a canção.
Eles continuam cantando um Grande Amor. E meu pequeno coração escuta.
Novamente canto junto com eles, alegre e consciente. Sei do meu papel aqui.
Está tudo certo. A luz sabe. O espírito reconhece o espírito.
E eu agradeço e continuo cantando... Enquanto o amor desce e abençoa o mundo.
Admirado, fico pensando no Poder Incomensurável Que Gera a Vida.
Penso na grandiosidade do universo, mas fico feliz de ser pequeno aqui.
Sei do meu papel. Sei de onde vem a canção. Sei o bem que ela faz, aqui e além...
Ah, sou um pequeno coração nas ondas de um Grande Amor... E está tudo certo.
E, no tempo certo, eu irei cantar em outros planos...
Graças a Deus, eu sei de onde vem a canção.

(Dedicado ao grande poeta hindu Rabindranath Tagore; ao genial filósofo brasileiro Huberto Rohden; e à maravilhosa Tara, a bodhisattva da cura e da alegria no Budismo Tibetano.)

Paz e Luz.
- Wagner Borges - cantando, feliz e admirado; se sentindo cada vez menor, diante de um Grande Amor. Cada vez mais espiritualista. Com luz na jornada, humana e espiritual. Cheio de gratidão. Apaixonado pela vida. Rindo sozinho no meio da noite. Contente só por existir. E lembrando de muita gente querida, também pequena e vivendo nesse mesmo planeta querido, aprendendo, amando, rindo, fazendo o melhor possível e seguindo...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O amor e o casamento - Parte 2



Casamento

Falar de casamento também significa ter de separar casamento de amor. Pode parecer ingenuidade de minha parte falar isso, mas na cabeça das pessoas, notadamente na dos jovens, amor e casamento não se separam. E mesmo nas cabeças mais adultas, o amor intenso pede casamento, o que ainda é entendido como um compromisso sólido, estável e de coabitação entre duas pessoas.

De fato, amor e casamento também têm de ser claramente separados em duas categorias: o amor é uma emoção e o casamento é uma instituição – derivada do amor há muito pouco tempo e, aliás, não com resultados brilhantes. Nos tempos em que o casamento derivava de outras causas que não o amor (arranjos racionais entre famílias), parecia ter um número maior de bons resultados; isto, sem dúvida, requer a necessidade de revermos os termos do que acontece quando adolescentes e adultos jovens se encantam emocionalmente. E aí entramos em um outro problema fundamental: o encantamento. O que faz com que uma determinada pessoa, em um dado momento neutra para mim, se transforme repentinamente em um ser especial, único, sem o qual não posso mais viver? O que provoca essa mágica? Esta pessoa seguramente será uma figura que substituirá a materna; mas, na minha opinião, ao mesmo tempo nada tem a ver com a mãe. Será que sempre escolhemos as pessoas ou os objetos amorosos adultos de acordo com algum problema que tivemos com ela?

Ao se falar, por exemplo, que um homem escolhe a mulher conforme a imagem e semelhança da mãe quando teve uma boa relação com ela, não se está esclarecendo nada: ele escolhe a mulher parecida com a mãe ou o oposto dela porque todas as mulheres do mundo são parecidas ou opostas a ela. Será que sempre escolhemos os objetos amorosos adultos de acordo com algum problema que tivemos com ela? Ao se falar, por exemplo, que um homem escolhe a mulher conforme a imagem e semelhança da mãe quando teve uma boa relação com ela, não se está esclarecendo nada: ele escolhe a mulher parecida com a mãe ou o oposto dela, porque todas as mulheres do mundo são parecidas ou opostas à sua mãe.

Esse tipo de explicação não leva a lugar algum; então é muito perigosa essa relação entre os eventos infantis e as coisas adultas; aliás, tenho um certo pavor a esse tipo de raciocínio – tão ao gosto de muitos profissionais de psicologia – que nos leva a imaginar que o adulto se transforme dessa ou daquela maneira por causa de certo trauma. Tantas pessoas transformaram-se do mesmo modo e não tiveram o mesmo trauma. É preciso um espírito um pouco mais rigoroso e científico. O fato de a explicação ser lógica e bonita não garante a sua veracidade. Para tal, precisamos usar critérios um pouco mais apurados.

Não quero ser exageradamente behaviorista (a minha especialidade é basicamente psicanalítica), mas tenho formação médica e, nesse sentido, muito rigorosa: acho que conceitos têm de ser comprovados e não simplesmente ser bonitos. Em psicologia, as pessoas fascinam-se mais com a estética do que com a verdade. O fato de o conceito ser bonito, lógico e harmonioso parece agradar mais do que se fosse verdadeiro. A busca da verdade parece ser um caminho muito pouco percorrido nesses últimos tempos. Indubitavelmente, é preciso buscá-la. Caso contrário, chegaremos a um amontoado de conceitos pouco úteis, o que resulta, até mesmo, em um certo desprestígio profissional perante algumas pessoas e notadamente na área médica, dada a visão pouco objetiva e de maus resultados na prática.

Sobre o amor adulto, penso como Platão, que, aliás, é um dos autores mais fascinantes a tratar essa questão (trabalhou esse tema em alguns de seus diálogos mais lindos, O Banquete, Fedro e um diálogo sobre a amizade, que se chama Menon); para ele, na vida adulta, o amor deriva da admiração. Portanto, o encantamento se dá porque o indivíduo admira no outro algo muito especial, que, evidentemente, vai depender dos seus próprios critérios de admiração, os quais são variáveis dependendo da época e também em função da própria auto-estima. Apenas para vocês terem uma idéia do que estou querendo dizer: quando o indivíduo tem de si um juízo negativo, a tendência para o encantamento pelo oposto é quase inevitável. Este acaba por determinar um tipo de encantamento que talvez seja muito interessante em certos aspectos; mas do ponto de vista prático, ou seja, daquilo que o casamento tem de concreto, vai implicar relações catastróficas – pelo menos atualmente.

Hoje em dia, existem algumas diferenças em relação ao que era no passado, onde o homem "dava as cartas" dentro da relação conjugal; as mulheres obedeciam e pronto! Na atualidade, os dois pensam. E assim sendo, é evidente que afinidades intelectuais, de pontos de vista, projetos de vida e objetivos transformam-se em coisas fundamentais, porque garantem a harmonia. Diferenças acabam por determinar brigas, tensões e contradições de todo o tipo – tanto que hoje é difícil imaginar que o casamento possa existir e funcionar bem, a não ser quando baseado em afinidades.

Isso não foi sempre assim, e o próprio Freud defendia a idéia de que as boas ligações afetivas eram entre opostos. Em Introdução ao Narcisismo, ele afirma isso e acha até que se ligar a pessoas afins é uma expressão narcisista, o que quer dizer que a pessoa tem amor por si própria e só consegue amar alguém parecido consigo mesma. Na realidade, não vejo assim. O indivíduo que estiver satisfeito com o seu jeito de ser tende a achar graça em pessoas semelhantes a ele, sem isso significar narcisismo ou ausência da capacidade de amar a terceiros, mostrando claramente boa aceitação em relação à sua pessoa. Se gosto de conviver com alguém meigo, calmo, educado, não-agressivo e generoso, não há razão para chamar isso de narcisismo, a não ser como o jogo de palavras que, a partir de um certo ponto de sua obra, visava a busca da coerência com a teoria (o que, na minha opinião, era um dos grandes problemas de Freud). Quer dizer, ele já estabelecera o conceito de narcisismo, que significava amor por si mesmo – o que, aliás, também não é o meu ponto de vista.

Para mim, os narcisistas, com esse temperamento mais egoísta que lhes é peculiar, são pessoas que na verdade se odeiam, têm de si um péssimo juízo. Sabem que são um blefe! Uma mentira! Então, também não há amor por si mesmo no narcisismo: ele é um jogo de faz-de-conta, onde as pessoas agem como se fossem extraordinárias, sabendo que não o são. E não querem que ninguém saiba a verdade. O encantamento por opostos parece-me basicamente um sinal de baixa aceitação de si mesmo. Há uma outra razão que leva as pessoas ao encantamento pelo oposto, que tratarei mais adiante.De qualquer modo, o amor deriva da admiração e pode se dar entre todos os tipos de pessoas. Posso encantar-me com quem nada tem a ver comigo. Agora, com relação ao casamento, se tal encantamento se der apenas porque a amo e as diferenças existirem como um fato marcante, provavelmente irão minar e destruirão a relação afetiva e o próprio casamento em pouquíssimo tempo.

Há estudos interessantes feitos nos Estados Unidos. Americanos são o oposto dos psicanalistas: eles medem e pesquisam tudo, tornando-se objetivos até demais em certos aspectos. Estudaram pessoas, por exemplo, que se casaram menos apaixonadas mas segundo critérios racionais de afinidade, ou seja, um casamento racional – mais ao gosto de nossos avós. O sentimento era menor em uma primeira fase, mas, no final de cinco anos de vida em comum, as relações afetiva, conjugal e amorosa cresceram. Pessoas com um bom relacionamento apegam-se umas às outras. Por que não haveria um avanço do aconchego e da boa qualidade afetiva com o passar do tempo? Ao contrário, as que se casam apaixonadas, mas ricas em diferenças fundamentais – de caráter, estrutura, projeto de vida – cinco anos depois, aproximadamente, divorciam-se.

Portanto, não basta que elas se amem para que o casamento perdure. Casamento é um assunto diferente de amor; ele também exige afinidades práticas por ser uma sociedade civil, uma instituição para fins práticos. E se não for respeitado esse lado prático, lógico e objetivo, as coisas não evoluirão favoravelmente, o que significa acabarmos efetivamente com a idéia de que o amor tem de estar em oposição à razão. Ambos têm de andar juntos para que o casamento não aborte. Aliás, é preciso olhar com objetividade para os fatos outra vez. Aproximadamente 90% dos casamentos são fracassados em menos de sete anos. Com relação ao número de divórcios, possivelmente ele seja menor.

Portanto, é preciso saber que o casamento é uma empreitada de alto risco e, portanto, torna-se necessário que a razão dela participe. Aliás, o desprezo pelo lado racional do ser humano é a outra face da modernidade psicológica, em que o importante é sentir e não mais pensar. É querer que o humano seja subumano. Não aprovo o oposto: as pessoas querem que o humano seja sobre-humano, pronto para a caridade, a renúncia, o sacrifício integral. Mas também não gosto do desprezo pela razão, que faz o homem parente próximo demais do macaco. Existe um lugar nessa escala para nós. Não somos macacos e nem santos. Há um ponto intermediário no qual podemos ficar e com a razão absolutamente em ação e funcionamento.